Nos Bailes da Vida

 

Há 16 anos atrás eu entrava para uma das bandas de baile que mais fez sucesso em Brasília nos anos 2.000, a Joy Band. Foram 8 anos (2002 a 2010) dividindo o palco com grandes músicos e fazendo uma média de 100 shows por ano, ou seja, trabalhando muito. E, olhem que não estou considerando as temporadas de shows em pubs e casas noturnas, apenas bailes de formatura, casamentos, aniversários, carnavais e eventos corporativos. Quem atua nesse ramo nos dias de hoje sabe o quão difícil é ter uma agenda de shows tão lotada. Naquela época eu já cursava Música na UnB, cantava em barzinhos, casamentos, e dava aulas de canto, mas a experiência adquirida nos bailes, é única, não há diploma que o valha.

No baile, o artista tem que ser versátil pra tocar e cantar estilos diversos, tem que renovar seu repertório constantemente e tem que ter preparo físico pra tocar um show de umas 3 horas, pelo menos. Os cantores precisam cantar parecido com os artistas originais e animar o público, afinal, uma boa banda de bailes tem que fazer o povo dançar. Geralmente 2 ou mais cantores se revezam nos vocais pra garantir a diversidade do repertório e um pouco de descanso durante o batidão do show. Tenho orgulho de dizer que dividi o palco com cantores como Elaine Duarte, Angel, Guga Camafeu, Pedro Eduardo, Alírio Neto, Warner Damásio, Larissa Vitorino, todos na época da Joy Band. Aprendi muito com essa turma e, nos dias atuais, divido os vocais com os talentosíssimos Larissa e Gregoree Jr.

Muitos músicos tem um certo preconceito com o cantor/músico de baile por considerar que ele perca sua identidade artística quando passa a execer seu ofício apenas como uma mera cópia do que já foi feito. Não discordo totalmente dessa visão mas acredito que nem todos os músicos sonhem em ter uma carreira como solista, gravar um disco, ou conquistar seu próprio público. Por outro lado, acredito que, a maioria de nós, não abriria mão de se dedicar unicamente à carreira de músico, independente dos palcos e repertórios que tenha que interpretar. O grande barato do baile é que um show nunca é igual ao outro, o setlist é feito na hora e de acordo com o clima da festa e, além de tudo, não precisamos nos preocupar com a quantidade de ingressos vendidos. O público já está certo .

Bem, pensem comigo, como seria uma festa com 3 horas de rock, 3 horas de sertanejo ou 3h só de samba numa festa em que os convidados tem idades e gostos musicais distintos? Aqueles que gostam de rock certamente não curtirão uma balada só de sertanejos, e vice e versa. Um show com tamanha duração pede diversidade de ritmos, estilos e, sobretudo, muito jogo de cintura para adaptações no decorrer da apresentação. O baile sempre será uma bela opção para quem busca uma viagem musical no mesmo show e uma grande escola para o músico que pretende se dedicar à viagem de viver profissionalmente de música. A estes operários da música, todo o meu respeito e admiração.

Abraços musicais e até breve, nos bailes da vida!!!